Problema do Speedy deve ter solução demorada

A solução para o problema das seguidas panes no Speedy pode demorar mais do que seria desejável. O presidente da Telefônica, Antonio Carlos Valente, admitiu na semana passada – em entrevista ao site Tela Viva – que as falhas resultam da sobrecarga do sistema, devida ao excesso de demanda por parte dos clientes. Segundo ele, a empresa errou nos cálculos de crescimento de sua infraestrutura e agora terá de rever todo o serviço.

Na sexta-feira passada, Valente entregou à Anatel o “plano antipane” para seu serviço de banda larga.Num prazo de 180 dias, a operadora promete investir cerca de R$ 70 milhões na melhoria do serviço. A agência reguladora terá agora de analisar o plano para poder aprovar o reinício das vendas do Speedy, suspensas desde o último dia 22. Segundo Valente, o aumento do tráfego de dados tem sobrecarregado os cabos submarinos que fazem o trânsito intercontinental de informações, permitindo o acesso à internet em alta velocidade.

Por ora, admite ele, ainda não há uma solução concreta para o problema. "Hoje estamos chegando praticamente no limite da eletrônica. E pensar que esses cabos foram feitos na década de 90 e tinham uma alta capacidade ociosa...". A Telefônica estuda comprar capacidade em outro cabo submarino, talvez o Nautilus, da Telecom Itália, na qual o grupo espanhol tem participação.

Independente disso, a operadora já decidiu mudar sua estratégia de vendas do Speedy. Serão reduzidas as velocidades oferecidas aos assinantes, para que a velocidade real se aproxime da adquirida originalmente. A diferença entre o valor real e nominal das velocidades de banda larga é comum no mercado, e tolerada pela Anatel, mas gera muitas reclamações dos clientes. "Estamos trabalhando com algum tipo de velocidade que a gente realmente tenha para oferecer", diz Valente.

A pressão sobre a operadora é grande, não apenas por parte dos clientes insatisfeitos e da Anatel, mas também da concorrência. Na semana passada, a TelComp, associação que reúne prestadoras de serviços de telecomunicações, pediu que as faixas de freqüência da Telefônica em São Paulo (2,5GHz) sejam distribuídas entre outras quatro ou cinco operadoras de banda larga, para aumentar a competitividade no mercado paulistano. "Só assim o usuário insatisfeito com o serviço, em termos de qualidade, preço e atendimento, teria opções reais de exercer seu direito de escolha nesse mercado", afirmou Luis Cuza, presidente da TelComp.

Outra possível fonte de problemas é o movimento contra a cobrança de assinatura nas contas telefônicas. Há duas semanas, o Supremo Tribunal Federal determinou a suspensão da cobrança, criando jurisprudência para as milhares de ações em trâmite nos estados. Ou seja, os tribunais estaduais terão agora que seguir a norma do STF, o que fatalmente fará cair a receita das operadoras.

Fontes: Tela Viva e Agência Brasil

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