Web, o recurso matador dos novos TVs

Emissoras de TV abertas e fechadas estão enfrentando queda de audiência, em parte por que o público prefere surfar na internet em seus computadores. Agora, a web está  estendendo seus tentáculos no principal terreno das emissoras: a própria tela de TV. Uma nova geração de TVs HD permite que o telespectador acesse a internet diretamente, sem necessidade de conectar o computador.
      Além de sintonizarem os canais normais, esses televisores são capazes de acessar sites selecionados, como YouTube e Picasa(nos EUA, alguns modelos já vêm também preparados para se conectar às lojas virtuais Netflix, Amazon e Blockbuster, onde o usuário pode baixar filmes).,

O recurso é tão novo que algumas lojas ainda nem ficaram sabendo, como constatamos num levantamento recente. Mas os chamados WebTVs têm tudo para convencer o pessoal do sofá a acrescentar a web aos seus hábitos diários.
A empresa de pesquisas Yankee Group prevê que 50 milhões de pessoas terão esse tipo de TV, somente nos EUA, até 2013. Outros 30 milhões terão players Blu-ray também com capacidade de acessar a internet, e mais 11 milhões irão comprar adaptadores com essa finalidade. Total: quase 100 milhões de usuários de WebTV.

Essas mudanças não irão acontecer de uma hora para outra, diz Mike McGuire, pesquisador da Gartner, mas causarão uma revolução no modo como as pessoas consomem o produto televisão. “Os usuários vão começar a se questionar por que têm pagar tanto por uma assinatura de TV a cabo”, prevê ele. “E as empresas irão enxergar novas oportunidades de negócio, à medida que o hábito de acessar a internet pelo TV for se tornando mais natural”
As operadoras logicamente não concordam. “É como comparar laranja com maçã”, ironiza Kate Noel, diretora da Comcast, a maior empresa do setor nos EUA. “Os programas que oferecemos são completamente diferentes daquilo que está disponível na internet”. Segundo ela, os TVs vêm preparados para determinados sites e determinadas aplicações, mais ou menos como acontece com o iPhone.      Na verdade, essas aplicações são determinantes para o sucesso dos WebTVs. Por enquanto, o usuário não pode baixá-las por conta própria nos TVs, mas alguns analistas acham que não vai demorar muito para que isso seja possível.

      Com esses lançamentos, os fabricantes de TV ganham mais força no mercado. E começam a buscar parcerias em que uma parte da receita com a venda de televisores seja repassada aos donos dos sites. A Yahoo, por exemplo, desenvolve um aplicativo que permitirá aos telespectadores acessar notícias, previsão do tempo e outros conteúdos que poderão ser rolados na lateral da tela enquanto assistem a um programa normal de televisão.
Será  que isso incomoda as emissoras? “Só falta os fabricantes quererem nos cobrar para que as pessoas vejam nossos canais”, brinca David Poltrack, presidente da CBS. “Digamos que um TV Sony não possa acessar a CBS, e um Panasonic possa. Vai ser um problemão para a Sony”.       Falando sério, Poltrack acredita que a novidade irá até ajudar as emissoras a aumentarem sua receita de publicidade. Hoje, diz ele, 95% do público assiste à programação ao vivo; podem até  trocar de canal durante os intervalos comerciais, mas com certeza vêem a maioria dos anúncios. O problema está no crescimento dos DVRs (Digital Video Recorders): quem tem esse tipo de aparelho geralmente “pula” os comerciais.
Já  no caso da internet, o usuário não tem como “pular” os anúncios; talvez faça isso com o controle remoto do TV, mas Poltrack acha que a experiência será mais parecida com o hábito tradicional de ver televisão. “O que sabemos é que, se a pessoa optar por ver seu conteúdo de internet na tela do TV, e não no computador, não irá se incomodar se ali aparecerem alguns anúncios”.
     O executivo acha até que a internet na TV pode fortalecer as mensagens publicitárias, permitindo que o telespectador, por exemplo, clique num link sobre determinado produto – os anúncios poderão ser direcionados para públicos específicos, baseados nos seus hábitos de consumo e de navegação. “No máximo em cinco anos, esta será uma grande fonte de receita para as emissoras, os distribuidores e os provedores de conteúdo”, prevê Poltrack.

Fonte - Revista Home Theater