As vendas de TVs de tela fina (plasma e LCD) devem fechar 2009 com um crescimento de 70% em relação a 2008. Essa é a previsão extraoficial da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Equipamentos Eletroeletrônicos). A entidade normalmente não divulga seus dados de mercado, mas um levantamento obtido pelo jornal O Estado de S.Paulo mostra que os TVs estão puxando a indústria e têm tudo para bater seu recorde histórico este ano.
A estimativa baseia-se nos dados obtidos nos primeiros sete meses do ano. De janeiro a julho, foram vendidos às lojas de todo o País cerca de 1,86 milhão de televisores de LCD e plasma; em todo o ano de 2008, as vendas somaram 2,72 milhões de unidades. Como o segundo semestre está sendo mais aquecido, a maioria dos fabricantes projeta superar os números do ano anterior, embora ninguém queira se arriscar oficialmente em previsões.
Vários fatores são apontados como causa desse aumento: as maiores facilidades de crédito, os juros mais baixos, a expansão da renda média das famílias de classes C e D, os gastos do governo, o número de novos lançamentos e até mesmo a expectativa em relação à Copa do Mundo. Para comprovar as estimativas, a Eletros revelou que as vendas de TVs convencionais (de tubo CRT) caíram até agora 30%, com a substituição pelos modelos de tela fina.
As projeções são otimistas também para o ano que vem. A consultoria MB Associados calcula que a população brasileira terá R$ 90,3 bilhões a mais para gastar do que este ano. O economista-chefe da consultoria, Sérgio Vale, afirma que o Brasil está com o nível de juros mais baixo de sua História e que os efeitos dos cortes da taxa Selic este ano serão percebidos em 2010.
Já Braúlio Borges, da LCA Consultores, calcula que o consumo das famílias deve crescer 6,3% em 2010, um ritmo parecido com o de 2007. "A grande novidade para 2010 é o reajuste dos aposentados, que terão aumento real de 3%”, diz ele. Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e professor da Unicamp, diz que 2009 foi um ano de consumo reprimido. “As pessoas foram obrigadas a pisar no freio por causa do medo da crise e da contração do crédito. Mas a crise não tirou poder de compra da população”.
Com as compras praticamente fechadas para este Natal, indústria e varejo preparam-se para o “ano da Copa”. Depois de começarem 2009 com previsões pessimistas, a maioria das empresas chega ao final com resultados acima do esperado. Fabricantes como Sony, Samsung, LG e Philips estão expandindo a produção em Manaus, com a nacionalização de vários itens, o que se reflete diretamente no preço final dos produtos. Já as redes varejistas ampliam as promoções e, em alguns casos, até aumentam o número de lojas.
Daniel Kawano, analista de produtos da Panasonic, aposta num mercado promissor para TVs no ano que vem. "Esse crescimento virá não apenas pelo fato de o Brasil ter voltado a crescer, mas também pela Copa do Mundo."
Fontes: O Estado de S.Paulo, Valor Econômico e IDG Now