Governo investiga cartel entre fabricantes de LCD

A SDE (Secretaria de Direito Econômico), órgão do Ministério da Justiça, abriu processo para investigar o impacto causado no Brasil por um suposto cartel internacional de fabricantes de painéis LCD. As companhias envolvidas e alguns de seus dirigentes teriam se reunido na Ásia e nos EUA, entre 2001 e 2006, para combinar preços, controlar a produção e evitar "descontos" para grandes clientes que importam LCDs.



A prática foi confessada nos EUA, em 2006, pela Samsung, que, por isso, não sofrerá as punições penais. Além do Brasil, essas companhias respondem a processos no Japão, Coreia do Sul, Canadá e União Europeia. A investigação cita ainda a empresa coreana LG, as japonesas Epson, Sharp, Hitachi e a chinesa Chungwa como participantes do cartel.



Segundo a denúncia, o cartel foi desmantelado em 2006 porque a coreana Samsung teria se beneficiado de delação premiada nos EUA. Apesar de escapar das implicações legais, a empresa teria pago US$ 650 milhões em multa. A LG pagou US$ 400 milhões, segunda mais alta, seguida pela Sharp (US$ 120 milhões). Essas multas equivalem, em média, a três vezes o valor do dano causado.



Documentos apreendidos, e enviados à SDE pelo Departamento de Justiça dos EUA, revelam que executivos das empresas citadas reuniam-se para combinar aumentos de preços, regular a produção das telas e evitar que outros fabricantes - como Nintendo, Nokia e Apple - obtivessem descontos de preço nas compras em grande escala. Embora tenha sido formado no Exterior, o cartel agiu em todos os países que importam esses componentes e, por isso, seus integrantes podem ser processados e condenados em cada um dos países atingidos.



No Brasil, a Samsung disse que só vai se pronunciar após o término das investigações da SDE. A Epson esclareceu que a ação movida nos EUA envolve uma joint-venture no Japão, da qual a Epson do Brasil não faz parte. A Epson do Brasil não fabrica nem comercializa LCDs.

 FONTE: Folha de S.Paulo