Aaron Gray-Block e Harro ten Wolde
Mais de um século após sua fundação, a Philips uma vez mais está apostando pesadamente nos semicondutores. Desta vez, a fabricante de bens eletrônicos de consumo deseja aproveitar o potencial deles como fonte de luz. A fabricante de uma em cada quatro lâmpadas em uso no mundo, que vendeu sua divisão de semicondutores em 2006 porque não conseguiu mais concorrer com os rivais asiáticos, investiu mais de 4 bilhões de euros (US$ 5,47 bilhões) para aproveitar a onda da tecnologia ecológica e defender sua posição mundial.
A empresa está apostando em uma mudança no mercado da iluminação, com o abandono das ineficientes lâmpadas incandescentes em troca de diodos emissores de luz - LEDs - mais conhecidos até o momento por seu uso nos indicadores iluminados encontrados na maior parte dos produtos eletrônicos.
"Em termos de valor, por volta de 2015 os LEDs serão maiores que as fontes convencionais de luz", disse Niels Haverkorn, executivo da Philips. No quarto trimestre de 2009, os produtos de LEDs pela primeira vez responderam por mais de 10% das vendas da área de iluminação da Philips.
Feito de diodos, ou chips, o primeiro LED prático, uma luz vermelha, foi desenvolvido em 1962. Agora, a tecnologia avançou a ponto de permitir que produzam luzes com todas as cores do espectro.
Para ajudar a atrair atenção ao potencial de ganho de escala dos LEDs, à sua queda de preços e à redução de emissões de gases causadores do efeito estufa que ele propicia, a Philips na virada do ano converteu os famosos números da Times Square Ball - que é baixada e erguida para simbolizar a chegada do ano novo - à tecnologia LED.
Outras amostras da tecnologia incluíram iluminação por LEDs de moinhos de vento holandeses considerados parte do patrimônio histórico da humanidade, em Kinderdjik em setembro de 2009, e um poste de iluminação pública com LEDs acionados por energia solar, usado durante a conferência sobre o clima em Copenhagen.
As vantagens dos LED incluem a durabilidade e eficiência energética. Lâmpadas com essa tecnologia não contêm mercúrio, em contraste com as lâmpadas fluorescentes convencionais, que se tornaram a primeira alternativa às lâmpadas incandescentes, nos anos de 1980.
A Philips estima que os LEDs tenham respondido por apenas seis a oito por cento dos 45 bilhões a 50 bilhões de euros em vendas anuais de iluminação em 2009. A empresa, que vendeu 6,5 bilhões de euros nesse segmento em 2009, calcula que o mercado mundial de iluminação vá movimentar mais de 80 bilhões de euros em 2015.
Analistas alertam que a competição nesse nascente segmento vai se tornar brutal. Os principais rivais da Philips são Osram, da Siemens; General Electric, Sharp, Samsung, e a norte-americana Cree.
Antecipando-se a isso, e com as lições aprendidas com o tombo nos preços dos semicondutores, a companhia de 119 anos de existência está aumentando produção de LEDs. Onde antes a empresa costumava fabricar apenas lâmpadas, a oferta de LEDs envolve uma "solução", como uma luminária pronta.
"A técnica de produção é bastante similar à fabricação de semicondutores, em que as fábricas competem principalmente em preço", disse o analista Jan Hein de Vroe, do ING. "Nesse sentido, acreditamos que será inteligente a Philips se mover com foco em "soluções".
PREÇOS EM QUEDA
Mas mesmo com o posicionamento mais estratégico da Philips no mercado LED, os desafios que a empresa enfrenta incluem preços elevados que estão fazendo com que varejistas evitem estocar produtos com a tecnologia.
Uma luminária LED capaz de produzir luz "quente", um tipo que apenas as maiores empresas do setor como a Philips são capazes atualmente de produzir, é muito cara. O custo atual é de cerca de US$ 46 por 1.000 lumens, medida de intensidade de luz, ou unidades de luz "quente", ante US$ 25 da variedade "fria".
Até 2015, o custo de luzes LED quentes deve recuar para US$ 4 por 1.000 lumens ante US$ 2 das luzes frias, segundo estimativas do Departamento de Energia dos Estados Unidos. O custo de produção por 1.000 lumens no caso das lâmpadas incandescentes é de US$ 0,29.
A expectativa é que o custo de produção de luzes LED caia abaixo do custo de lâmpadas fluorescentes compactas até cerca de 2013, mas elas ainda serão mais caras que lâmpadas incandescentes.
Reuters
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