O conceito das soundbars (ou surroundbars) é muito simples: fazer com que uma pequena “barra” posicionada logo abaixo do televisor cumpra o papel de um sistema de home theater completo, formado por cinco caixas acústicas mais subwoofer, e consiga simular de maneira convincente os efeitos surround, principais responsáveis por todo o envolvimento num cinema doméstico.Embora a maior oferta desse tipo de soluções seja algo recente, a idéia de “enganar o cérebro” para recriar um sistema 5.1 é algo que vem sendo desenvolvido desde 1980, por empresas como PolkAudio e Yamaha. A diferença é que as novas soundbars muito nos últimos tempos e, em parceria com os efeitos DSP (cinema, palco, música, etc), podem ser uma ótima opção para salas pequenas, de até 15m2.

Quem já teve a oportunidade de sentar-se à frente de uma soundbar para ver uma demonstração, com certeza deve ter se perguntado como é possível ter uma sensação de envolvimento próxima à propiciada por um home theater? Na verdade, os pesquisadores descobriram que poderiam utilizar uma característica do nosso cérebro para enganá-lo e, assim, criar uma sensação de envolvimento virtual.

Imagine um barulho que ocorreu do seu lado esquerdo. O som viaja rapidamente através do ar e atinge o seu ouvido mais próximo. Milésimos de segundos depois, ele chega ao seu ouvido direito. Além de chegar mais tarde ao ouvido direito, o som chega mais fraco, já que além da dissipação natural da onda sonora ocorre uma absorção desse som, tanto por parte do nosso corpo como por outros materiais presentes no ambiente.

A soma dessas características – diferença de amplitude (ILD: Interaural Level Difference) e de tempo (ITD: Interaural Time Difference) – é que nos faz ter certeza de que o som aconteceu do nosso lado esquerdo. E é justamente brincando com esse atraso e volume que os fabricantes das soundbars nos deixam completamente envolvidos quando assistimos a um filme.

Cada fabricante patenteia com um nome a tecnologia criada para controlar o tempo e a intensidade do som. A PolkAudio, por exemplo, chama de SDA Surround Technology; já a Philips dá o nome de AmbiSound; a Yamaha de Digital Sound Projector; a Dolby, de Virtual Speaker; e assim por diante.


O número de alto-falantes de uma soundbar pode variar entre os fabricantes, mas em geral os modelos que propiciam os melhores resultados trazem número igual ou superior ao encontrado numa sala de home theater, ou seja, os cinco canais tradicionais (2 frontais, um central e 2 surround), com boa parte dos modelos trazendo ainda um subwoofer para a reprodução das baixas freqüências (graves).

Embora os falantes estejam alinhados sobre uma mesma barra, as soundbars trazem embutidos os tradicionais decoders multicanais dos filmes (Dolby Digital e DTS). Ao receber o sinal de áudio, esses decoders enviam o som para cada um dos canais, como se estivessem sendo enviados para uma sala com um sistema de caixas corretamente posicionados. Dessa forma, cada falante da soundbar reproduz apenas o som de um dos canais. Porém, se esses falantes apenas tocassem o som vindo dos filmes, na haveria nenhuma ambientação, nem uma dispersão sonora envolvente. É nesse momento que entra a tecnologia criada pelos fabricantes para simular os 5.1 canais e permitir dispersão sonora em 360 graus.
Um som que acontece na parte central da tela, geralmente os diálogos, é reproduzido apenas pela caixa central da soundbar que, não por acaso, é a mais centralizada de todas. Uma cena que ocorre do lado esquerdo tem o áudio imediatamente reproduzido pela caixa esquerda. O problema, no entanto, é que só a reprodução pelo canal esquerdo não basta para identificarmos o som vindo daquela direção. Isso porque escutaremos também com o nosso ouvido direito e, devido à proximidade com a caixa acústica (lembre-se que são soluções para espaços pequenos), as diferenças de tempo e amplitude não serão suficientes para nos dar essa correta sensação. Aqui, entra outro recurso dessas caixas acústicas: o cancelamento do crosstalk.
Para minimizar esse problema, os fabricantes misturam o som do canal esquerdo no canal direito, e vice-versa, mas com menor intensidade e fase invertida (o que promove o cancelamento do som). Dessa forma, o ouvido esquerdo escuta diretamente o som do canal esquerdo, enquanto o canal direito reproduz o áudio com fase invertida, além de sons secundários que ocorram na cena. É o processo físico de cancelamento do som com a fase invertida, fazendo com que só os sons secundários cheguem ao ouvido direito. A vantagem de eliminar o crosstalk é que agora ouvimos apenas os sons reproduzidos pelos canais que os estúdios realmente desejavam quando da captação do áudio.
Mas, e os canais surround? Afinal, esse é o grande desafio das caixas soundbar, e não à toa é também o processo mais delicado. Além dos atrasos de tempo, amplitude e cancelamento do crosstalk, os cientistas descobriram outro truque fundamental para que nosso cérebro tenha a sensação de que o áudio está vindo da parte de trás da sala, e não sendo executado pelas caixas que estão à frente.

Um estudo chamado de HRTF (Head Related Transfer Functions) apontou que para cada direção (acima, abaixo, atrás ou na frente) dos sons que chegam aos nossos ouvidos, há uma freqüência de resposta característica e uma assinatura sônica. E é justamente aplicando os parâmetros desse estudo nas caixas responsáveis pela reprodução do áudio surround, que somos levados a acreditar que o áudio realmente está vindo da parte de trás da sala. É o que se chama de “controle aparente da direção do som”.

Além disso, sabe-se que um atraso de 250 milésimos de segundo faz com que tenhamos a impressão de que a origem do áudio está a 30 graus (à direita ou à esquerda) da parte central, onde estão os falantes. Assim, quanto maior o tempo de atraso, maior será a sensação de que ele está sendo reproduzido do nosso lado. Quanto menor o tempo de atraso, mais centralizado será o som.

Some-se a tudo isso uma característica comum a todas as salas pequenas: a proximidade das paredes laterais. O áudio reproduzido pelos canais surround, normalmente localizados nas extremidades da soundbar, sofre maior reflexão nas paredes, o que contribui para o aumento da sensação de ambiência em 360º.


 Aqui, a ciência fica um pouco de lado e entra em campo a limitação natural dos pequenos alto-falantes embutidos nas soundbars, que não conseguem reproduzir a contento as baixas freqüências (graves). Por isso, nesse tipo de solução é indispensável a presença de um subwoofer, principalmente nas cenas de explosão, tiros e efeitos especiais, momentos em que os graves são mais exigidos. Alguns modelos de soundbar já trazem um subwoofer para ser colocado ao lado. Para quem se preocupa com o visual da sala, os fabricantes desenvolveram modelos WiFi, que funcionam sem a necessidade de cabos para a comunicação entre essas caixas. Isso deixa a sala livre de qualquer interferência visual e dá mais flexibilidade na hora de posicionar o subwoofer, desde que respeitada a distância máxima especificada pelos fabricantes (em média 5 metros).
Embora alguns fabricantes sugiram instalar a soundbar acima do televisor, o ideal é deixar logo abaixo do TV. Assim, todas caixas estarão próximas da altura do seu ouvido (quando sentado para assistir ao filme). Procure também estar bem centralizado com relação à tela, já que nessas soluções, diferente do que acontece com os sistemas tradicionais de home theater, não há muita flexibilidade no seu posicionamento dentro da sala. Dessa forma, você contribui para um melhor desempenho do conjunto e com certeza tem melhor sensação de envolvimento.

Algumas soundbars já trazem DVD player embutido; outras vêm com entradas para iPod e USB. Em comum, a facilidade de instalação, pois quase todas trazem o conector HDMI. Com isso, é necessário um único cabo para ligá-la ao televisor e desfrutar do som multicanal. Caso o modelo escolhido não tenha DVD embutido, você terá que conectar seu player à soundbar e esta ao TV. Para isso, certifique-se de que o modelo traz entradas de áudio e vídeo, além de uma saída de vídeo para conexão com o televisor.
Esse tipo de configuração traz apenas dois falantes e um subwoofer, para a reprodução de áudio estéreo e reforço dos graves. Embora com algum tipo de simulador surround, não conseguem o mesmo desempenho das soundbars e por esse motivo são mais indicados para quem busca uma melhora na qualidade do áudio de seu televisor, ou até mesmo uma solução para o quarto dos filhos. A vantagem é que costumam ter um melhor custo-benefício quando comparados às soundbars, e podem ser uma opção para quem está com o orçamento apertado.
*Texto publicado originalmente na revista HOME THEATER & CASA DIGITAL
B&W Panorama (109cm de comprimento)
Não tem saída HDMI, mas traz 2 entradas ópticas e 1 coaxial (para áudio digital), além de saída para subwoofer. Potência: 175W.

Denon DHT-FS5 (75cm de comprimento)
Mesmo padrão do modelo B&W, com potência ligeiramente mais baixa: 150W.

Philips HTS6100X (96cm de comprimento)
Tem DVD player e rádio AM/FM embutidos e aumenta a resolução da imagem até 1080p, via conexão HDMI. Potência total de 500W. Vem com subwoofer à parte.

Philips HTS8140 (105cm de comprimento)
Além das características do modelo 6100X, traz dock para iPod. E possui processador Faroudja DCDi, que melhora a qualidade da imagem.

PolkAudio SurroundBar (108cm de comprimento)
Com 7 alto-falantes internos, pode trabalhar em configuração 6.1 canais. Potência total de 875W.

por Ricardo Marques / Revista Home Theater






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