Interatividade na TV: Veja como funciona

A TV Globo vinha trabalhando em sigilo desde o começo do ano em plataformas interativas para os seus telespectadores. Os primeiros testes foram feitos ainda no primeiro trimestre de 2010, quando o reality show Big Brother Brasil estava no ar, e a novela Viver a Vida se encaminhava para os capítulos finais. Já nessa época exibíamos vídeos e imagens exclusivas dessas aplicações e a promessa da Globo de oferecer uma solução completa durante a Copa do Mundo.

Para que o consumidor pudesse utilizar a interface interativa, era fundamental contar com um conversor, externo ou interno (como os que são oferecidos pelos fabricantes em seus TV), compatível com o middleware Ginga, rebatizado de DTVi. Esse é o software que permite às emissoras enviarem por sua rede de dados (a mesma utilizada para enviar imagem e som que recebemos em nossas casas) informações codificadas que, ao passar pelos decoders compatíveis com o DTVi, são interpretadas e traduzidas para exibição na tela, que pode ser de um televisor, capaz de exibir os sinais Full-seg, ou um dispositivo portátil, que exibe imagens em 1-Seg.
OLHOS:
Full-SEG:  tecnologia de transmissão de sinais HD (até 1080i) da TV digital terrestre. Além das imagens em alta definição, os sinais Full-Seg trafegam áudio 5.1 canais.
1-SEG: tecnologia de transmissão de sinais digitais com resolução máxima de 340x220 pixels, ideal para telas de até 7 polegadas. Embora trafeguem pela mesma “rede” dos sinais full-seg, somente os dispositivos portáteis
estão aptos a receber esses sinais.
No Painel Globo de Tecnologia, evento realizado pela emissora em julho para mostrar as novas tendências e as novidades que serão disponibilizadas para o telespectador em breve, Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo-SP, comemorou a participação dos espectadores. “Sabemos que são poucos os televisores, mas recebemos mais de 1.000 votos de pessoas participando de uma enquete interativa que promovemos. Essa participação, das mais diferentes regiões do País, nos deixa animados para continuar a investir nessa solução”, comentou (clique para ver o slideshow).

Os TVs LCD Time Machine da LG (série LH 45) foram os primeiros a sair de fábrica com o conversor integrado e compatível com a versão atual do DTVi, tanto na tela de 42 como na de 47 polegadas. Na seqüência, foi a vez da Sony apresentar a sua linha 2010 de TVs, também aptos a rodar o aplicativo de interatividade. Nos TVs Sony, diferente dos modelos LG, o DTVi não vem habilitado nos conversores. Para usufruir da interatividade, os usuários deverão fazer o download do aplicativo (no manual de instrução há detalhes do site e instruções passo-a-passo ensinando a instalação), para atualização do sistema operacional do aparelho. Sem fazer esse download manual, o consumidor não consegue rodar os aplicativos de interativo nos TVs Sony. Segundo a empresa, essa medida foi adotada para permitir que o usuário tenha a opção de ativar ou não a interatividade, uma vez que um pequeno ícone aparece na tela sempre que as emissoras disponibilizam o aplicativo e, ainda segundo a Sony, os usuários podem não gostar desta informação a mais na tela.

Tanto nos TVs Sony como nos LG, uma navegada no menu mostra que é possível deixar a interatividade sempre ativada - com o ícone aparecendo na tela sempre que disponível -, ou no modo manual. Nesse caso, é o consumidor que terá que pressionar no controle remoto a tecla de atalho para descobrir se, na programação exibida, há ou não recursos de interatividade.
A vez dos portáteis
Entre os equipamentos portáteis, que recebem os sinais 1-SEG da TV Digital, o primeiro celular a exibir o aplicativo de interatividade foi o TV Phone (GM600) da LG. No entanto, para esses dispositivos, em função do tamanho da tela e a limitação de resolução, aparência e algumas funções são bem mais simples.

Outros celulares chegaram ao mercado na seqüência também com o aplicativo DTVi integrado. Caso do Samsung Star Lite, que também roda o aplicativo. Em ambos os aparelhos o funcionamento é semelhante: como possuem tela sensível ao toque, basta clicar no ícone da interatividade para que você comece a receber os dados disponibilizados pelas emissoras. O tempo para que todo o aplicativo seja carregado e esteja disponível é de aproximadamente 40 segundos (isso vale para TVs e conversores externos também), e durante esse período as imagens continuam sendo exibidas normalmente.

Depois de carregado, as telas desses aparelhos que exibem imagens 16:9 mudam de formato: passam a exibir cenas em 4:3, já que logo abaixo das imagens aparece a opção de interatividade.
Canal de retorno

Interatividade, pra valer, é quando além de receber informação das emissoras nós podemos interagir com esses dados. Para que isso seja possível, é fundamental que o aparelho ofereça algum tipo de comunicação com a emissora. No caso dos televisores, essa comunicação é feita via internet, uma vez que todos os modelos que possuem o DTVi contam também com uma entrada de rede RJ45. Já nos celulares, o caminho de retorno utilizado é o próprio pacote de dados das operadoras. Em outras palavras, é como se você estivesse mandando uma mensagem de texto (SMS) para a emissora, e a sua operadora cobra um valor por esse serviço. Durante a Copa, era possível interagir respondendo a pesquisas sobre quem seria o campeão mundial, ou ainda dando opiniões sobre determinado jogador ou técnico.
O que vem por aí
   
O mesmo aplicativo que a Globo criou para a Copa do Mundo agora está disponível para o Campeonato Brasileiro, claro, com algumas adaptações. Nele é possível ver em tempo real as estatísticas atualizadas dos jogos transmitidos ao vivo, resultados de outros jogos, classificação atualizada, artilharia e, claro, participar de enquetes. Também é possível assistir à novela Passione e receber informações dos personagens, resumo dos capítulos e acompanhar um ensaio com fotos dos principais artistas.
O SBT atualiza constantemente a aba “O que vem por aí”. Clicando nessa opção podemos encontrar destaques da programação, que vão desde novos filmes até programas e seriados.  

Mas o grande aplicativo de interatividade deve chegar mesmo no começo de 2011. A TV Globo vem trabalhando em um programa especial para o Big Brother 11, que tem início no primeiro trimestre. Embora seja tratada com muito sigilo, sabe-se que essa nova plataforma irá abusar da interatividade. Votação para eliminação com um simples toque no controle remoto ou no painel touchscreen do celular será uma das novidades. Fala-se em venda de produtos pela TV (num processo semelhante, de um toque apenas), mas essa opção ainda está na fase da especulação, uma vez que envolve mais tecnologia, criptografia para segurança de dados, além de parcerias com outras empresas.
Futuro


Que tal deixar o TV exibindo apenas as imagens do seu programa favorito, enquanto as informações da interatividade ficam rodando num outro dispositivo que pode estar na sua mão, como o iPad, o tablet da Apple? Pode parecer cena de filme futurista, mas a TV Globo já trabalha para oferecer essa possibilidade para seus telespectadores. A idéia é não poluir a tela com nenhuma informação adicional, apenas com as imagens do programa que está sendo exibido. Todas as telas do aplicativo de interatividade apareceriam no dispositivo que está na sua mão, e você poderia visualizar as informações (e interagir com elas) tocando na tela do tablet, por exemplo, sem que esses dados “poluam” a tela do seu televisor.

*Publicado originalmente na revista HOME THEATER & CASA DIGITAL

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