LG e Samsung mostram protótipos de telas dobráveis com cores vivas

Se estamos vivendo hoje a era dos tablets, num futuro não muito distante podem aparecer os tablets flexíveis. É o que demonstrou uma exposição de telas finas (flat panels) que aconteceu recentemente em Chiba, no Japão. A propósito, que não se pense que a tecnologia de telas flexíveis é voltada apenas para o consumo direto. Segundo o professor Marco Cremona, do Departamento de Física da PUC-Rio, o interesse veio primeiro dos militares, pois tais telas seriam úteis em operações de campo.

- Vi na televisão as operações dos policiais na Vila Cruzeiro e reparei que um deles recebia informações sobre os traficantes num aparelho bem incômodo de carregar - comenta Marco. - Uma tela flexível certamente facilitaria o trabalho dos agentes no futuro. A Nasa também está de olho nessa tecnologia.

No evento no Japão, os destaques foram as telas flexíveis apresentadas pelas sul-coreanas LG e Samsung. A LG mostrou uma tecnologia mais simples, baseada em papel eletrônico dobrável. Seu estande exibia um aparelho flexível de 19 polegadas com páginas de jornal. Um sistema automático dobrava devagar o papel, mostrando que o conteúdo não era afetado pelo movimento.

OLED, o segredo para a flexibilidade

Já a Samsung levou protótipos flexíveis feitos com tecnologia OLED - que usa materiais orgânicos para emitir luz quando induzidos por uma corrente elétrica. Eles estavam em recipientes de vidro curvos e exibiam fotos em boa resolução que não perdiam a qualidade mesmo em suas esdrúxulas posições.

A meta da Samsung é dotar de telas assim os futuros gadgets e computadores (já imaginou um dia poder dobrar um tablet e botar na bolsa?). A OLED, nesse ponto, leva vantagem sobre o atual LCD, pois este é composto por duas telas (uma emite luz por trás da principal). Já a tecnologia rival, dos OLEDS, exige apenas uma tela, que pode ser bem fina.

- Os cristais líquidos do LCD precisam dessa luz auxiliar e não se prestam a materiais flexíveis - explica Marco Cremona. - Já os OLEDs emitem a própria luz e podem ser usados em plásticos e até em roupas.

Segundo Marco, essa propensão à flexibilidade é uma das principais vantagens dos OLEDs e AMOLEDs (os mais usados), além das cores, mais naturais que as dos LCDs.

Um mercado potencial de US$ 12 bilhões

Outra empresa que trabalha nessa área é a Sony, que já apresentou um protótipo de tela eletrônica tão fina que podia ser enrolada num lápis sem que a imagem ficasse distorcida. Ela tinha apenas 80 micrômetros de espessura (a mesma de um fio de cabelo).

As empresas asiáticas são as mais versadas no uso da tecnologia, mas no Brasil temos know-how para nos aproveitarmos dos OLEDs

- As empresas asiáticas são as mais versadas no uso da tecnologia, mas no Brasil temos know-how para nos aproveitarmos dos OLEDs, inclusive em painéis de iluminação em ambientes que poderiam mudar de cor conforme o gosto do freguês - diz Cremona. - E essa tecnologia consome menos energia.

O professor lembra que já existem telas em OLED nos atuais smartphones da Samsung, como o Galaxy.

- Nesse tamanho de smartphone, a tecnologia ainda não acarreta alto custo de produção. Já para aparecer em telas maiores, como as de e-readers e tablets, o processo pode levar alguns anos. É preciso achar o material certo para a produção em escala.

E é justamente nisso que dois pesos pesados estão trabalhando com afinco. O Instituto de Pesquisa em Tecnologia de Taiwan e a taiwanesa AU Optronics se uniram para desenvolver um processo de fabricação e industrialização dessa telas, algumas com 30 micra de espessura.

Segundo os especialistas do instituto taiwanês, à medida que as propriedades do papel eletrônico amadurecerem, ele passará do preto-e-branco visto hoje na maioria dos e-readers a um material colorido, capaz de ser curvado, dobrado ou enrolado. Para o executivo, o mercado potencial dos e-readers policrômicos e flexíveis pode chegar a US$ 12 bilhões.

Fonte : O GLOBO

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