Setores da indústria querem barreiras contra importações

Apesar dos bons resultados de 2010, Abinee diz que há déficit e pede revisão na Lei de Informática

Mesmo com os bons resultados nas vendas em 2010, setores da indústria eletroeletrônica não estão satisfeitos. O aumento das importações está fazendo alguns empresários pedirem mais medidas protecionistas ao novo governo, que assume no próximo dia 01 de janeiro. O principal portavoz desses setores é a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), que defende inclusive uma revisão na Lei de Informática.

Segundo a entidade, entre 2005 e 2009 o déficit do setor (diferença entre importações e exportações) saltou de US$ 7,3 bilhões para US$ 10,3 bilhões. Para 2010, a estimativa é chegar a US$ 15,9 bilhões. O faturamento da indústria eletroeletrônica brasileira este ano foi de R$ 124 bilhões, um crescimento de 11% em relação a 2009. O resultado, aparentemente expressivo, foi considerado uma grande decepção pelos empresários do setor. “Nós apenas voltamos ao patamar que tínhamos em 2008”, diz Humberto Barbato, presidente da Abinee. Para 2011, entidade projeta expansão de 13% no faturamento, que deve atingir R$ 140 bilhões. “O crescimento deve ser puxado pelos investimentos em infraestrutura voltados para a Copa do Mundo”, diz Barbato.

As mesmas projeções indicam que, no próximo ano, as importações devem ter expansão de 17%, atingindo US$ 41,2 bilhões. Com isso, a balança comercial da indústria eletroeletrônica será negativa em US$ 33,4 bilhões. O setor, que representa 3,5% do PIB, gerou 15 mil empregos neste ano e deve gerar outros 3 mil em 2011, totalizando 178 mil postos de trabalho.

A possível restrição às importações também está na pauta do novo governo, segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Segundo ele, a segunda versão da Política de Desenvolvimento Produtivo incluirá o combate a "certos canais de importação quanto ao aperfeiçoamento de mecanismos de ressarcimento tributário". Equipamentos eletrônicos de consumo (como televisores, celulares, aparelhos de som) deverão ser incluídos entre os itens definidos como prioritários para estímulo à exportação e combate à importação.

Fontes: Exame, Convergência Digital e O Estado de S.Paulo

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