Desvendando a tecnologia video on-demand


 
Ver filmes, shows e programas especiais no horário mais conveniente é, provavelmente, o sonho de todo telespectador. E a forma mais prática de evitar o problema chama-se video-on-demand (VoD), um serviço já conhecido há anos em outros paíes e que agora está sendo introduzido no Brasil.
No VoD, o usuário torna-se, de fato, dono de seus horários e da sua programação. Pode escolher o que assistir e pedir à operadora para enviar aquele conteúdo ao seu televisor no dia e horário mais apropriados, transformando seu receptor de TV paga numa espécie de "videolocadora particular". Isso pode ser feito de duas maneiras: na TV por assinatura (Sky e Net são as duas primeiras operadoras a oferecer o serviço) ou através de um TV com acesso à internet, usando a conexão de banda larga.
Os chamados TVs conectados vêm se tornando comuns no mercado, e abrem para o telespectador um cardápio variado de conteúdos os mais diversos, oferecidos por empresas parceiras de cada fabricante. Nesse sistema, a oferta de programas depende da velocidade imposta pelo plano contratado.
Já no caso da TV paga, a dependência em relação à banda larga se restringe ao carregamento de menus e informações. Som e imagem são enviados através de rede cabeada (no caso da Net) ou via satélite (Sky). "A intenção é oferecer lançamentos do cinema simultaneamente às locadoras", explica Marcia Cruz, diretora de Programação e Aquisições da Sky, que iniciou o serviço VoD no ano passado. O assinante pode encomendar filmes que acabaram de ser exibidos nos cinemas, em alta definição (1080i) e áudio multicanal (Dolby Digital 5.1), e assisti-los quantas vezes quiser num prazo de 24 horas. Geralmente, o filme fica "em cartaz" no menu da operadora de 30 a 90 dias, sendo então substituído por novos lançamentos.
Graças a acordos com distribuidoras, a Sky consegue disponibilizar filmes em VoD com exclusividade. Foi o caso do documentárioHarry Potter na Estrada, originalmente disponível apenas num combo Blu-ray + DVD, mas que ficará na grade do VoD até o início do próximo ano.
No final de abril, a Net também entrou no video-on-demand, lançando o serviço Now. "Como os receptores de alta definição são mais modernos e já trazem modem integrado, o novo serviço será exclusivo dos assinantes de pacotes HD", explica Márcio Carvalho, diretor de produtos e serviços da Net. "Por ser um diferencial muito interessante, isso deve acelerar a migração dos assinantes para os pacotes desse tipo."
Para aproveitar o conteúdo sob demanda, o usuário precisa apenas fazer o download do software Now e habilitar o serviço, que poderá ser acessado pelo canal 01 da Net. Diferente da Sky, o VoD da Net tem conteúdos grátis e pagos. Na primeira categoria, estão filmes, séries, documentários, desenhos animados e shows exibidos pelos próprios canais que fazem parte dos pacotes da Net. A vantagem para o assinante, segundo Carvalho, é a possibilidade de ver o conteúdo quando quiser, sem depender da grade habitual dos canais.
O conteúdo pago inclui lançamentos do cinema, que devem chegar ao VoD na mesma semana das locadoras (e, portanto, antes de entrar na grade dos canais de filmes). Podem ser adquiridos conteúdos em Standard Definition (qualidade de DVD), assim como lançamentos em alta definição e com som 5.1.
Mas, será que o VoD vai acabar com o pay-per-view, que não conta com horários tão flexíveis? Marcia Cruz, da Sky, acha que haverá espaço para ambos. "O PPV continuará a ser uma opção interessante para qualquer assinante que quer ver um evento ao vivo", afirma. "Já em filmes deverá ficar mais restrito aos assinantes que não aderirem aos pacotes de alta definição."
TVs CONECTADOS
Com o lançamento dos TVs que acessam a internet, o consumidor brasileiro começou a avaliar nesses aparelhos não apenas a qualidade da imagem, mas também os conteúdos que o fabricante oferece. "Nosso grande desafio hoje está no software, e não mais no hardware", diz Carlos Goya, gerente da Sony no Brasil, que fez acordo com as redes Band e SBT para exibir programas especiais das emissoras em seus televisores.
A maioria dos fabricantes sabe que, para conquistar o consumidor, precisa oferecer mais conteúdos no formato video-on-demand (VoD), pelo qual é possível assistir a tudo no horário mais conveniente. Por isso, quase todos buscam parceiros que vão além dos sites convencionais (veja este vídeo). Os TVs Samsung, por exemplo, trazem em seu menu o serviço NetMovies, para compra e locação de filmes; a LG foi além e passou a oferecer também conteúdos da Saraiva Digital e do Terra Video Store. Ambas também já oferecem o Netflix, da empresa americana que é líder mundial nesse tipo de serviço (veja aqui como funciona).
Em comparação com as operadoras de TV paga, o aluguel pelo TV é mais acessível. Alugando o filme, ele fica disponível por 24 horas; na compra, permanece armazenado no servidor da empresa por tempo indeterminado, podendo ser acessado remotamente (via streaming) a qualquer momento. Importante: não é possível copiar esses conteúdos para discos.
Na NetMovies, o processo é um pouco diferente. Ao acessar o site pelo menu do TV, o usuário faz um cadastro e ganha acesso gratuito aos filmes pelo período de um mês (no caso dos modelos LG) ou seis meses (nos Samsung).
Se no serviço das operadoras está consolidada a opção HD com áudio 5.1, o mesmo não se pode dizer sobre o streaming na TV. Apenas o Terra Video Store possui títulos em alta definição, e mesmo assim são apenas shows. Saraiva e NetMovies por enquanto oferecem filmes e séries apenas em resolução standard, a mesma de um DVD, e com áudio estéreo. Com exceção dos desenhos destinados às crianças, o áudio é sempre em inglês, com legendas em português.
Na prática, o que mais tem atraído os usuários de TVs conectados são os filmes. Nos modelos da Sony, o YouTube domina o cenário, com 75% dos acessos, o mesmo acontecendo na Samsung e na LG. "Por amostragem, conseguimos saber quais os serviços mais acessados em nossos TVs, e o YouTube é que lidera esse ranking", explica Rafael Cintra, gerente da Samsung. Nos TVs LG, o VoD apresentando bom crescimento. "No ano passado, o YouTube dominava os acessos", diz o gerente de plataformas digitais da LG, Daniel Almeida. "Este ano, os novos parceiros de conteúdo passaram a roubar parte desta audiência, dividindo-a quase que de forma equilibrada".
Texto de Eduardo Bonjoch e Ricardo Marques - revista Home Theater

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