Como preparar o ambiente para ter a melhor performance do sistema sem gastar muito nem comprometer o visual da salaNa hora de montar uma sala de home theater, é comum dedicar quase toda a atenção à escolha do equipamento. O problema é que, muitas vezes, esta acaba sendo a única preocupação do usuário. Com isso, ele se esquece de que o sistema (por melhor que seja) só tocará o que a sala permitir ou estiver preparada para reproduzir.
Estudar a acústica da sala é, portanto, uma das etapas mais importantes (e indispensáveis) para a concepção de um sistema de alta performance. O bom resultado acústico depende de vários aspectos, como a área total do ambiente (em m2), o volume (em m3), as dimensões de cada plano (altura, largura e comprimento) e o tempo de reverberação (RT, em inglês).
Se você ficou assustado com tanta informação, não se preocupe. Nossa equipe selecionou algumas dicas simples, que vão ajudar a equilibrar a acústica do seu home theater sem que sejam necessários grandes investimentos. E um detalhe: muitas vezes, só a escolha correta dos móveis e objetos de decoração pode fazer toda a diferença.
O primeiro passo é analisar o que você espera do sistema. Hoje em dia, a maior parte das pessoas opta por instalar o home theater no living, onde tradicionalmente os equipamentos acabam dividindo espaço com as salas de estar e de jantar. Como se trata de uma área multiuso, o uso de placas, difusores e outros revestimentos para condicionamento acústico quase sempre é descartado pelo arquiteto responsável e/ou pelos próprios moradores.
Geralmente coloridas e de formato irregular, essas soluções, quando adotadas em pontos estratégicos do ambiente, ajudam a absorver e/ou difundir o som. Mas, por outro lado, não costumam ser muito atraentes do ponto de vista estético. Podem deixar o ambiente “pesado” e pouco aconchegante. Exigem também um certo investimento extra e a consultoria de um profissional especializado, que saberá escolher os produtos adequados a cada projeto.
É indiscutível que os revestimentos acústicos são a alternativa mais indicada para quem está, acima de tudo, em busca de qualidade. Não é à toa que esse tipo de solução é encontrada com mais frequência em salas high-end ou de audição crítica. Em geral, são ambientes dedicados exclusivamente à reprodução de filmes e músicas, onde o investimento nos equipamentos pode ultrapassar a marca de um milhão de reais.
Mas não é o que acontece na maioria dos projetos, que surgem a partir de um desejo mais descompromissado dos moradores. Na maioria das vezes, o que eles querem é apenas ampliar as opções de lazer da residência, integrando toda a área comum sem se preocupar tanto com o rigor técnico.
Se esse for o seu caso, um bom começo é conhecer os conceitos de “sala viva” e “sala morta”. O som que deixa as caixas acústicas não atinge os ouvidos dos espectadores de uma só vez. Embora parte desse som chegue diretamente ao ouvinte, outra grande parcela irá rebater no piso, teto, paredes, móveis e outros objetos, gerando um pequeno tempo de atraso, recorrente da maior distância percorrida. Chamado de reverberação, esse fenômeno pode se agravar (para os dois extremos) de acordo com a escolha e predominância de certos materiais no ambiente.
Quando há muitas superfícies reflexivas distribuídas pelo home theater, como pisos frios (mármore, porcelanato, granito) e vidros, a tendência é ter uma “sala viva”. Espaços desse tipo caracterizam-se pelo alto tempo de reverberação, que resulta em eco e pouca clareza sonora.
Já nas “salas mortas” predominam as superfícies absorventes, representadas por tecidos, madeira e outros materiais. Estofados, tapetes, carpetes, cortinas grossas, estantes com livros: todos esses itens deixam o som mais abafado. E nem sempre ter um baixo tempo de reverberação é benéfico. Às vezes, o amortecimento sonoro é tanto que pode atrapalhar a sensação de envolvimento e a interpretação dos diálogos dos filmes. Isso acontece, por exemplo, quando o som desaparece antes mesmo de ser assimilado pelos espectadores.
Em salas de home theater, a boa acústica depende do equilíbrio entre materiais reflexivos e absorventes. Portanto, vale a lei da compensação. Se você está decidido a adotar piso frio ou montou o sistema em uma área cercada por vidraças, dê preferência aos móveis de madeira e aos estofados e cortinas de tecido mais grosso. Além de excelente saída estética, o uso de um tapete cobrindo o porcelanato também pode ajudar a promover o buscado equilíbrio acústico.
Em salas de home theater, a boa acústica depende do equilíbrio entre materiais reflexivos e absorventes. Portanto, vale a lei da compensação. Se você está decidido a adotar piso frio ou montou o sistema em uma área cercada por vidraças, dê preferência aos móveis de madeira e aos estofados e cortinas de tecido mais grosso. Além de excelente saída estética, o uso de um tapete cobrindo o porcelanato também pode ajudar a promover o buscado equilíbrio acústico.
No caso contrário (ambientes com som muito abafado), o procedimento é bem diferente. Procure trocar os estofados por opções de tecido mais leve (ou material sintético), remover carpetes e tapetes e quem sabe até substituir o grande móvel de madeira por um modelo mais baixo, moderno e fácil de transportar.
Alguns especialistas são até mais específicos. Sugerem que a parte frontal da sala (onde fica a tela) seja mais “morta” e a área posterior (próxima ao sofá e às caixas surround) mais “viva”. Dessa forma, acreditam que, quando há um maior nível de absorção, é possível identificar mais claramente a origem e a localização exata (esquerda, direita ou central) dos sons emitidos pelas caixas frontais e central. Já na parte traseira o desafio é outro: deixar o áudio o mais difuso possível, para acentuar a sensação de envolvimento.
Mas será que existe diferença na hora de preparar o ambiente para ver filmes ou ouvir música? A resposta é sim. Por isso, é necessário definir bem quais são as suas prioridades. Quem está mais interessado na versatilidade do sistema pode deixar o home theater mais morto, assim como as boas salas tradicionais de cinema. Espaços onde predominam os materiais absorventes são indicados para filmes. Mas cuidado com os exageros: o amortecimento não pode prejudicar os rebatimentos sonoros, responsáveis por aquela sensação de ambiência proporcionada pelos canais traseiros.
Já a reprodução musical se torna mais fria em salas mortas. Deixando a área frontal mais viva, geralmente, é possível sentir melhor a delicadeza da música, principalmente a percussão e os instrumentos acústicos. Nos filmes, esse recurso pode simplesmente destruir a precisão dos efeitos sonoros. Tudo, como se vê, é mesmo uma questão de equilíbrio.
Dicas práticas
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Consultoria técnica: Alex dos Santos, Tony Grimani (instalador americano e colaborador da Residential Systems) e Vinicius Barbosa Lima.
Matéria de Eduardo Bonjoch.
Fonte : Revista Home Theater
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